Sob um céu que ameaça tempestade, o farol ergue-se como um guardião tingido de coragem e pureza. Uma alma solitária prossegue em sua direção, tenta encontrar um azimute na vastidão cinzenta. O mar, bravo, assiste atento à caminhada do peregrino em direção à luz que enfrenta a escuridão.
Cada um é como cada qual e …
Há quem encontre abrigo nos dias cinzentos, contemplando a paisagem de uma praia. O som das ondas, uma canção de embalar que acalma a alma. A brisa fresca, um beijo suave no rosto, ou até mesmo uns pingos grados de chuva perdida.
E assim me despeço com amizade.
Amanhã estarei a caminhar por outras bandas e paisagens.
A despedida é minimalista e simbólica, como esta imagem.
Nao quer impor nada a ninguém, mas desejo o bem.
Por isso, que ela seja um convite para se refletir sobre o que se acredita e como essa crença em algo ou alguém pode moldar uma vida.
Porque vazios não nos levam a sítio nenhum 🌟
Reza a história que …
Numa noite tempestuosa, um pescador lutava contra as ondas furiosas quando avistou uma luz sobre a rocha. Aproximando-se, encontrou uma imagem da Virgem Maria, serena e intacta no meio da tormenta. A notícia da aparição espalhou-se por Porches e rapidamente a rocha tornou-se local de peregrinação. Em homenagem à Virgem, os pescadores construíram esta pequena capela no local.
Se Vocês soubessem quem neste banco se sentou…
Eu, sim eu, para logo a seguir me debruçar na paisagem, no imenso azul, despertando os sentidos para o sal, enquanto a brisa fresca acalma a alma.
A alma…
A alma que por momentos se soltou e livre ali pairou,
Livre …
livre das minhas entranhas, manhas, manias e idiossincrasia.
É isso, que lindo sítio para saltar a Alma, como fosse um papagaio de papel a aprender a planar com as gaivotas que no céu de azul cálido bailam.
E vossas excelências, já encontraram um lugar assim? Um lugar onde a vossa alma pode voar livre e levemente?
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Sabem o que por aí se diz?
Dizem que nesta capela da nossa Senhora da Rocha os amantes do mundo fazem juras de amor eterno, pendurando conchas com os seus nomes escritos, como estas que podem ver na imagem que partilho.
São conchas que ficam abençoados pela proximidade que passam a ter com Deus.
“Deus - talvez esteja aqui, neste pedaço de mim e de ti, ou naquilo que, de ti, em mim ficou. Está nos teus lábios, na tua voz, nos teus olhos, e talvez ande por entre os teus cabelos, ou nesses fios abstratos que desfolho, com os dedos da memória, quando os evoco. Existe: é o que sei quando me lembro de ti. Uma relação pode durar o que se quiser; será, no entanto, essa impressão divina que faz a sua permanência? Ou impõe-se devagar, como as coisas a que o tempo nos habitua, sem se dar por isso, com a pressão subtil da vida?
Um deus não precisa do tempo para existir: nós, sim. E o tempo corre por entre estas ausências, mete-se no próprio instante em que estamos juntos, foge por entre as palavras que trocamos, eu e tu, para que um e outro as levemos conosco, e com elas o que somos, a ânsia efêmera dos corpos, o mais fundo desejo das almas. Aqui, um deus não vive sozinho, quando o amor nos junta. Desce dos confins da eternidade, abandona o mais remoto dos infinitos, e senta-se aos pés da cama, como um cão, ouvindo a música da noite. Um deus só existe enquanto o dia não chega; por isso adiamos a madrugada, para que não nos abandone, como se um deus não pudesse existir para lá do amor, ou o amor não se pudesse fazer sem um deus. “
Nuno Júdice